Cláudia Morum Xavier Lapa (1)
Sistema. Sistêmico. Partes em um todo. O todo.
Todas as vezes que falamos em partes, olhamos para o todo. As partes que formam o todo estando, cada uma, em seu próprio lugar. Nada falta. Tudo reverbera.
Tudo pertence e tudo completa. Tudo em seu próprio lugar.
Constelar. Conter lar. Constelação. Conter ação. Movimento e fluxo. Ir e vir sem fim.
O Eu, em si, é um sistema. Completo. Pleno. Pronto. E a caminho.
Eu, pronta e a caminho. Parto daqui.
Por que nos colocamos tanto a preencher espaços? Por que tendemos a excluir?
Se nós sabemos parte, por que queremos o todo? E se em nós mesmos somos todos, por que queremos partir?
Somos parte de um todo. Todos nós.
Somos plantados pela fonte da Vida lá no seio, no ventre, e ali somos acolhidos.
Ali, no ventre, passamos a pertencer.
Não fomos escolhidos. Fomos acolhidos.
E passamos a ser parte de um sistema, o familiar, onde pertencemos a um pai e a uma mãe.
Porque não existe pai sem mãe e não existe mãe sem pai.
Ambos pertencem. Em si. No todo.
Já não importa o que se dê entre esse homem e essa mulher. Soprada a vida, um pertence ao outro e ambos se tornam um só em cada célula do que brota, do que nasce. Vida renovada!
Por que tentamos partir?
Pertencemos! E passamos todo o tempo validando esse movimento. Sou.
Pertenço.
Incluo e então integro.
Entrego! Integro!
Integrado ao todo me faço completo, pleno e perfeito. Tudo que fui feito para ser.
Somos soprados pela vida em um momento de Encontro. Sopro. Vento.
Vida!
Existimos a partir de dois e, também por isso, mesmo únicos, somos plurais. Trazemos em nós mesmos os dois, o encontro, a integração. A pertença!
É como se selássemos em nossa existência a completude do Ser. Perfeitos!
Tudo que fomos feitos para ser.
Mas então… por que partimos?
O que nos leva a tentar quebrar as partes se podemos ser o todo, estar no todo? Pertencer!? Parte ser!
Todo ser humano busca pertencer. Talvez seja exatamente por termos existido a partir de um encontro que nos parece vital fazer parte. Mas se entendemos que não há como partir, usufruímos do todo e saboreamos. Ficamos. Não tentamos encaixar em outro espaço. Não precisamos do que é do outro. Porque em mim eu sou pleno.
Porque no que me cabe, eu caibo. E plenifico.
Nascemos pertencentes. Mas mesmo antes de nascer, já somos parte do sistema. Mesmo aqueles que viveram por um curto espaço de tempo, ainda no ventre da mãe, e morreram sem ver a luz deste mundo, pertencem.
Porque tudo que existe, morre. Completa. Porque mesmo quem não nasce morre, e existe. E ninguém deixa de existir porque morreu. Somos todos parte, para sempre. E ninguém muda isso. Nem a Vida. Nem a morte.
Então… por que ainda tentamos partir?
Somos parte. Todos. Da humanidade. Do sistema familiar onde nascemos. E de sistemas que constituímos.
Um, dois, às vezes três ou mais…
Encontros que se perpetuam porque passamos a pertencer um ao sistema do outro. Intercessões. Pertenças.
Não é possível excluir o que pertence. Porque cada parte é do todo. E não há parte que supere o todo. Nunca.
Em qualquer tempo ou lugar.
Por que tentamos excluir?
Por que teimamos em pertencer ao que não nos cabe?
Se existimos, pertencemos. E me pertencem. Os filhos são dos pais e os pais são dos filhos. Para sempre. Nada muda isso. Nem a morte. Nem a vida. Selados por um encontro, pertencemos.
Um encontro entre um homem e uma mulher. Onde ambos são inteiros e completam.
Momentos que se eternizam quando a Vida sopra.
Não há como separar.
Em mim, pai e mãe são um só.
Para sempre.
Um não é maior que o outro. Ambos são partes e juntos são
o todo. Um pertence ao outro, e mesmo que se despeçam como casal, permanecem sistema, e permanecem um em mim. Em cada célula minha. Células que são parte e formam o todo. E a vida segue em frente. Em pleno movimento. Plena. Serena. E soberana.
Assim a vida se dá. Plenificando encontros. Eternizando vidas que pertencem. Multiplicamos. Crescemos. Esparramamos sementes dos frutos colhidos dos que vieram antes. Vida continuada. Sou parte. Colho e semeio. E o que espalho será colhido pelos que vem depois de mim. Porque sou só uma parte do todo que existe desde muito antes e que pode ir em frente, a partir de mim e dos meus encontros. Porque pertenço e selo. Continuo. Permaneço viva naquele a quem dei, nos solos que semeei.
Nasço, cresço, frutifico. Multiplico. Pertenço em partes e ao todo. Participo de novos sistemas.
Trabalho, organizações… sistemas!
Com meu trabalho, sirvo. Me coloco a serviço da Vida, do mundo e da humanidade. Então, mais pertenço!
Como parte, sirvo ao todo.
Esparramo sementes. Multiplico. Mas permaneço um só. Uma parte, de um todo. É só o que posso ser. Parte. Plena. Inteira e íntegra.
E como parte, pertenço e me coloco a serviço. Dou continuidade e crio. Atividade. Movimento.
Sigo em frente.
A serviço da Vida. Dou. Recebo. Troco. Complemento. Colho. Contribuo.
Equilibro no dar e receber a continuidade da Vida plena. Vida que é.
Em mim, em você, em nós, a Vida é.
Plena. Sem complementos.
Se há luta, há luto. Perda. Falta. Exclusão. Negação. Ilusão.
Pertencente, pertence para sempre.
Flui. Em colher e semear. Usufruir. Compartilhar. Organizar. Se dar. E Ser.
E então, volto ao início desse momento. No tempo.
Sistema BodyTalk. Sistema. Pertenço? Pertenço!
Me dou! Coloco a serviço. Colho. Semeio. Observo. Compartilho. Multiplico. Organizo a mim ao estar no meu lugar. Como parte, sou do todo. Pertenço. Recebo. E na medida que dou e colho, sigo em movimento de pertença.
Com o que é meu. Colhendo do outro.
E, do que é meu, usufruo e plenifico.
E do outro, colho e sirvo.
Escuta, revista sobre BodyTalk, ed. 1, inverno, 2020 4
Vai e vem. Em movimento. Sempre pertencendo. Aceitando
da vida. Acolhendo. Fazendo a flor ser. Florescer.
Em mim. No outro. Em todo.
Como parte. A parte que só cabe a mim. E que plenifica o todo em mim. E no outro.
Porque como parte, eu fico. Mesmo se partir.
Então…
Já sou parte. E do meu próprio lugar só eu posso ver. Estar. Observar. Ser.
Pleno Ser. Um só. Único. Especial. Extraordinário!
Como são todas as outras partes que pertencem ao todo. E em todos pertencem.
Que venha o que é meu. Que eu possa fazer boas coisas com isso. Tomar do que o outro oferece. Agradecer. E então, a Graça Ser. Em abundância.
Como lá no princípio da Vida. Soprar. Mover. E ir em frente. Esparramar sementes. Colher frutos. Se dar. Receber.
E assim, a Vida segue em frente. Em movimento.
Plena.
Soberana.
Eu quando eu partir, no momento em que a vida se fizer completa em mim, eu vou em paz. E fico.
Fico nas sementes plantadas.
Fico na existência pertencente.
Tudo está em seu lugar.
A vida flui.
Criatividade. Continuidade. Intimidade.
Vida multiplicada.
Que segue em frente. Em cada parte. No eu, em você, em todos, no TODO.
Usufruamos!
Vida em abundância desde sempre, para sempre. É só colher!
Somos sistêmicos. Sou Sistema.
E isso é BodyTalk.
Cláudia Morum Xavier Lapa Maio de 2020
(1) Cláudia Morum Xavier Lapa é
. Psicóloga clínica (atendimento individual, casal e grupo)
. Consteladora
. Terapeuta BodyTalk CBP e PaRama (certificada pela IBA)
. Palestrante
61 999949791
@claudiamorumxavierlapa
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(link atualizado em maio 2021)