Tecer: por uma episteme das sabedorias

Nirvana Marinho

texto para 7a edição, novos tempos 2023

No dia em que finalmente me encorajo a escrever este ensaio, Ailton Krenak é eleito para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Achei que essa inspiração seria realmente a mais próspera para encarar um ensaio em que pretendo falar das terapias integrativas sistêmicas sob o ponto de vista de seu calcanhar de Aquiles. Para essa escrita, além dos encontros editoriais e afetuosos que tenho com minhas inspiradoras amigas terapeutas Amanda Pinho e Maria Fontes, foi completamente (ou fomos) pelo lançamento de bizarro livro sobre pseudociência, já contestado e que serviu de incentivo para um posicionamento ainda mais sólido da nossa prática. Atravessada também pela provocação que temos diariamente nas redes sociais de um entendimento devo dizer mercadológico das terapias, com o qual irei de encontro aqui veemente (e que quase me fez desistir, lá nos primórdios dessa editoria, de escrevê-lo). Atravessada ainda por uma necessidade eminente e tão urgente, com a qual finalizei ensaio da edição anterior, de uma nova bibliografia, ou ainda, de ocupar um novo terreno, ainda mais fértil para esse momento (meu e, creio eu, do nosso Zeitgest, espírito do tempo), pois nele, nesse espaço de uma cosmogonia da natureza que inclui corpo, mente, pensamento, animal e uma humanidade, as abordagens integrativas se encontram – ou dela vieram notadamente. Atravessada, no caso a pessoa que vos escreve, de tantas pessoas, inspiradoras ou não, que, ao me cutucar profundamente (alguns cutucões doem) com escolhas contrárias, me ensinam constantemente não só o exercício da alteridade mas da compreensão do nosso limite humano, este aqui levado a outras dimensões. A da cosmogonia da natureza e do exercício ético de terapias da alma. 

Feita tal introdução (temerária talvez), me remeto primeiramente à Jornada Terapias 2022, quando Catarina Milanezi fala sobre o terapeuta no arquétipo de Quiron, o curador ferido, aquele que ao reconhecer sua própria ferida se impulsiona para um ofício de acompanhamento terapêutico diante da demanda inerente de todo ser humano de buscar o equilíbrio. A chama da dor leva ao caminho de auto transformação, alguns chama de cura ou auto cura, e muito da área que converge espiritualidade, auto conhecimento e, aqui, resume as terapias integrativas sistêmicas. A fala da psicóloga nos leva a compreender nosso lugar no mundo quando o propósito é ouvir para cocriar um novo contexto de olhar, de estar e viver, com mais saúde psíquica, emocional e física. 

Remeto-me também aos primeiros vívidos encontros dessa editoria, na qual esteve Verena Kacinskis que, junto com Maria Fontes, me trouxeram viva as referências que desmascaram o neoliberalismo, que nos fortificam numa visão decolonial e que, nas terapias, faz-se fundamental perceber como nossa clínica está sim situada e em qual “mundo”, qual espírito desse tempo complexo nossa fala, nosso olhar vê o outro. 

Por fim, para dizer a você, leitor, como tem sido um caminho persistente, tenho uma filha ativista, um filho que se vê as vezes com a masculinidade tóxica do mundo e alguns dos contextos pessoais subjetivos que me ensinam que um novo letramento faz-se urgente, em mim, na minha casa, nas minhas relações e nas dores que nos circundam. Esse ensaio vai falar de onde bebemos inspiração, mais antiga que nosso olhar pode mirar e tão sábia, o que chamarei de cosmogonia da natureza ou episteme da não dualidade. Dela, há de nos atermos, mais tenazmente, com nosso lugar como terapeutas da energia, da alma, da consciência, da integração corpo-mente – que nunca deveriam ter sido separados ou que ainda nunca o foram, datados um olhar ancestral sobre saúde como dos povos originários ou das sabedorias milenares. E atermo-nos significa, essencialmente, reconhecer nossa responsabilidade em uma formação continuada, a necessidade de uma narrativa menos em resultados e mais em reflexão crítica e engajada, porque não podemos falar de não dualidade e passar despercebido questões sociais gritantes. As clínicas estão atravessadas da urgência de, reconhecendo nosso lugar ético e profissional, ver mais amplamente nosso lugar no mundo. Não vendemos cura, não vendemos produtos nem serviços. Conectamo-nos com a esfera do ser que, inclusive porque remunerada, tem um valor de expansão do paciente, do terapeuta, das famílias envolvidas, da comunidade, do todo a que pertencemos. 

Dito isso, e muito ainda a por dizer da decolonização do pensamento terapêutico ocidental, nosso objetivo é despertar – tão somente isso mas o que parece urgente – nossa visão de onde vem a ontologia das nossas terapias, de onde elas colheram conhecimento, como elas atuam no mundo atual e como dialogam com as diferenças. Responsabilizar-se pela dor (não pelo a dor do outro necessariamente, mas pela entidade “Dor”) é, na verdade, entender de onde ela veio, com quem ela encontrou e qual caminho nosso pensamento, nosso corpo tem feito para nos adoecer, tanto assim na atualidade. O que deixamos para trás, com o que nos ligamos, o que faz sentido para nosso corpomente hoje encontra nas terapias integrativas uma possibilidade refrescada. E estas, as terapias tanto integrativas como sistêmicas, encontram nos ancestrais, antigos, milenares muito do que a espiritualidade, a ciência comprometida com a intangibilidade dos processos psíquicos (falo do inconsciente, mas ainda falo de energia) e do que hoje estamos construindo de maneira edificante uma epistemologia. Dito de outro modo, o que uma terapia chama de “corpo”, de “mente” (sua ontologia) vai fazer toda diferença para como ela disserta sobre os caminhos desse corpomente (sua epistemologia) capazes de reencontrar um equilíbrio de ser no mundo, tal como ele é. 

E se entendermos o mundo em sua configuração social, econômica, política, muito há de se encontrar sobre dualidade: homem e mulher, gênero e “não gênero”, opressor e oprimido, eu e outro, dentro e fora. Parte fundante do nosso dizer e ouvir pode mesmo estar imbricado com essa noção da realidade, dualista. No entanto, grande parte de terapias integrativas assim são sobre reconectar o que esteve em conexão, assim o é,e nos traz de volta a nossa natureza primordial. Ou seja, são terapias de uma visão não dual da vida. O que nos traz paz é nos sentirmos conectados. Somos uma orquestra em busca constante de afinação. Como fazer as diferenças soarem uma sinfonia?

É dessa forma que intenciono trazer uma ideia inicial do desafio desse ensaio: (re)situar as terapias integrativas e sistêmicas (redundantes no seu sobrenome pois só reiteram o que é íntegro e está em relação) no seu seio original e, a partir disso, (re)posicionar um compromisso ético de contínua formação do terapeuta em um espírito do tempo em que natureza e homem estão em relação, no qual um e outro não são opostos e que as distopias são oportunidades de contarmos sobre utopias.

Episteme da não dualidade

Primeiro, é importante situarmos que quando falamos de ciência, estamos falando do terapeuta xamã, dos primórdios do médico físico que pergunta e escuta o corpo, assim usando o olhar empírico e a sabedoria para trazer saúde, do oculto que está presente no mistério da doença porque leva a perguntas novas (e não para diagnósticos). Dessa forma, importante também dizer que graças a evolução da medicina tradicional e da ciência baseada em evidências que o casamento do homem com a modernidade foi viável. Ciência é a arte de fazer perguntas, o homem vem fazendo de várias formas, desde mais rudimentares, até as mais empíricas, até as mais sistematizadas na observação – que são as que nos concernem e retornam ao pensamento contemporâneo desde do início do século XX com advento do inconsciente, com o retorno as práticas do mistério, tendo a espiritualidade com um aspecto fundamental, assim como os mestres orientais que falam da filosofia de ser. É um contínuo e perpétuo retorno da história que é recontada a cada abordagem terapêutica que utiliza a energia como foco de ação. 

Para arrematar, ciência aqui não está limitada ao cientificismo pragmático, nem tão pouco tais abordagens estão pedindo para ser legitimadas pela ciência moderna. Partimos tão somente da prática investigativa, dedutiva e mesmo indutiva, que constitui a estrutura de muitas Medicinas Milenares – como a Hindu, notadamente o Sistema de Chakras, o Ayuveda, a Medicina Tradicional Chinesa, com Sistema de Meridianos e a Sabedoria Indígena. O que nos assemelha, em um olhar passageiro que atende nossa nomeação primária aqui, é que partiram de uma observação, constituíram premissas de observação (“se isso, então aquilo”), organizaram um sistema dedutivo de ação no corpo, com práticas de saúde, de meditação ou de visão do pensamento e do corpo. O olhar está todo tempo atento ao corpo como energia. Tal sistema só assimé, sobre a observação e a energia,porque parte de uma estruturação da dúvida em direção a uma ação prática na vida. Por exemplo, só é possível afirmar e aplicar que se você usar tal ponto com tal ponto e tais outros na Acupuntura e que você tem possivelmente a melhora de tal quadro já que alguém observou, testou e sistematizou. Não tenho medo da palavra ciência, você também não precisa ter. Talvez seja suficiente olharmos para a história do pensamento, inclusive filosoficamente e acrescido de outros tipos de paradigmas que não somente o nosso ocidental, que seremos capazes de nomear a ciência de uma forma sofisticada de olhar para a realidade e pensar sobre ela de maneira a decodificá-la em sistemas diversos.

Com todo cuidado que a ciência merece, podemos seguir, apoiados numa filosofia de pensamento menos ocidental e mais oriental, para ir ao encontro de uma cosmogonia de sabedorias milenares. O modo de pensar o mundo desde muito temponão era auto centrado nem tão pouco linear. Era sim sistêmico – pertencemos a um todo – e integrado – homem e natureza são uma coisa só, em relação. As perguntas fundamentais dessa visão de mundo nos levam ao reencontro com perguntas espirituais da vida, da existência. A dor, aquela entidade, é agora parte e não anomalia. Superá-la faz parte do que chamam de vida e não é mais uma luta a vencer. Não há nada a vencer, não há ninguém sobre alguma outra coisa, não há nem “a coisa”. O outro sou eu. Ubuntu: “eu sou porque nós somos”, segundo sabedoria Zulu.

A não dualidade pode ser revisitada no ocidente graças a novas perguntas sobre o homem moderno. Uma série de autores, dentre eles Fritjof Capra, Humberto Maturana, Rupert Sheldrake e mais recentemente Deepak Chopra, Amit Goswami podem nos trazer uma visão que une ocidente-oriente sobre corpomente. Alguns deles, como Bruce Lipton e Candice CCCC, realizaram experimentos em contexto científico, buscando evidências, e outros ainda o fizeram sob determinada premissa de uma epistemologia da consciência. Estudos do cérebro, da mente, destaco filósofos da mente como Antônio Damásio, curas espontâneas e novos dispositivos que unem pensamento, meditação, falar e viver em harmonia começaram a trazer nos desafios para como o corpomente adoece e como se cura. Estamos falando de décadas douradas, anos 60, 70 e 80, mas também de uma espécie de coincidências culturais. Mestres como Krishamurti trouxe a sabedoria Hindu para o ocidente, a ressignificando. Pesquisadores como Goswami traduzindo constantemente a ciência com a filosofia, ocidental e oriental, para uma nova (e não inédita) visão da consciência como conceito a partir do qual o corpomente pode ser entendido. Seja como prática terapêutica, como entendimento filosófico de si, como prática espiritual, o desafio é uma transdiciplinaridade convergente. 

Assim, escritos milenares como Baghava Gita, os tratados da Medicina Tradicional Chinesa e mais recentemente podemos afirmar, finalmente, que a visão de mundo dos povos originários indígena está presente desse novo contexto – podemos destacar no Brasil, mas uma arqueologia poderia nos contar como diversas abordagens que beberam da fonte de povos originários diversos. Nenhuma dessas linhagens estão inseridas nesse linguajar de uma epistemologia (são datadas anteriormente além de pertencerem a um outro sistema de pensamento). No entanto, nossa tentativa aqui é demonstrar que um tempo de conceitos aponta para a consciência como uma base na qual a energia, o intangível, o indizível, o silêncio, os arquétipos e símbolos são naturais ao processo de equilíbrio do nosso viver, em conexão a algo do qual viemos e com o qual somos. Natureza e homem não são mais da dualidade (como nunca o foram, na bem realidade). 

Os povos originários, graças a um reflorestamento que surge de dores arrancadas de uma sociedade em decadência e ebulição, são agora nosso arauto. Graças também a muita luta por reparação histórica, que inclui outras opressões tais como o machismo, o racismo, a misoginia e transfobia. O existir foi tão ameaçado que tivemos que, inevitavelmente, voltar as origens que nunca foram tão atuais. 

Geni Nunez é, para mim, um acalanto. Suas pesquisas trazem à luz que os processos antes decoloniais – que buscam reaver uma história colonial violenta e silenciadora de violência e opressão – agora são anticoloniais. Junto com Nego Bispo, leituras e vídeos obrigatórios, junto com Krenak e outros intelectuais interessados nessa nova miscegenação, agora reverenciam, mais que nunca, o saber milenar como aquele que nos trouxe até aqui, com todas as digressões que fizemos, inclusive as que mais nos adoeceram. 

A decolonização do nosso saber passa pela reeducação do nosso olhar dominador ou dominado para uma ressureição dos lugares que todos ocupam. E são vários. E isso tem tudo a ver com a clínica e com o terapeuta. 

Terapeuta anticolonial ou conscientização do nosso lugar

O Sistema BodyTalk, criado por australiano, na minha imaginação (não tenho dados para afirmar), de origem aborígene, estabeleceu o protocolo de atendimento porque não se curou com o que sabia. Curou-se de um vírus com uma técnica que conheceu aparentemente ao acaso. Criou também um sistema de expansão de consciência a partir do estado alfa da mente derivado de um sistema anterior, Método da Silva. Seu interesse pelos atravessamentos do mundo trouxe um novo sistema baseado na Teoria dos Sistemas Dinâmicos no qual complexidade leva ao corpo reconhecer o que pode reestabelecer comunicação e, portanto, equilíbrio. É um método de interligações, é multidisciplinar – tema da Pesquisa Mosaico que venho lentamente desenvolvendo que deve tão cedo possa me levar a uma arqueologia desses saberes, inclusive para honrá-los – e é muito elegante no seu modo de ler o corpo. Nada linear. Nada que o terapeuta possa impor. Apenas observação. O alto preço disso é um terapeuta em constante aprimoramento, de si mesmo e do que ele (pode) vê. 

Outros métodos, mais espiritualizados ou menos, mais técnicos ou menos, mais energetizantes ou menos, se mostram ser sobre observar o corpomente em sua natureza de ser no homem, buscando constantemente mais conexão e menos disrupção, que é o que nos desvincula, adoece, confunde, perturba, desassocia. Nosso grande Quíron da atualidade é desacreditar que, embora pareça, não estamos separados, não somos diferentes a ponto de uns dominarem sobre outros, porque é justamente isso que tem nos levado ficar cada vez mais doentes. 

Os povos originários sempre souberam disso. Os praticantes de yoga sempre souberam disso. Os adeptos de linguagens da consciência – meditação, curas pela energia, práticas de silêncio com cristais, com mestres – fazem de sua vida uma terapia permanente. Um compromisso com o todo. Assim, somos eticamente comprometidos com uma postura anticolonial, antiracista, anti transfóbica, anti tudo que possa nos separar. O outro importa na medida em que preciso saber de mim: das minhas opressões, onde domino ou onde me perdi, onde a minha dor me convenceu que viver em separação faz mais sentido do que se importar, conectados. 

Assim, me parece que o terapeuta integrativo e sistêmico tem um novo compromisso agora, além do estudar constantemente tudo isso e tudo mais que o levar a uma conscientização do lugar que ocupa. Esse é nosso novo compromisso ético, novo ou renovado, mas uma responsabilidade inerente aos nossos tempos. Há de se refletir sobre uma certa ética da consciência – ou seja, como atuar em terapias da consciência e pensar nelas no mundo de hoje. Como ser terapeuta e saber das questões do mundo? Saber o que o constitui como ser (o terapeuta como pessoa, como subjetividade) para daí compreender, mais e melhor, o que ele constitui, o que ele criar na relação com paciente. Perguntar quem forma esse novos terapeutas e como ele se forma. A responsabilidade aqui é desapegar da alienação ou da opressão disfarçada desaber. Que nenhum mestre esteja desatento ao seu lugar no mundo. Como diz Don Miguel Ruiz, que sejamos impecáveis com a palavra pois ela é co-criadora de uma força. No nosso tão específico e caro caso, da força da cura. A cura que alguém pode mover em si mesmo, no silêncio, no intangível, energeticamente, atento as evidências que o levaram a dore, portanto, quais delas podem levar a uma novo patamar de consciência que, parece constantemente levar a um novo estado de saúde.

Portanto, o terapeuta agora cada vez mais se aproxima de um papel que a humanidade já teve, porém que agora ocupa um lugar de ainda mais responsabilidade ética. Sabe de si, cuida de si, tem um compromisso ético com seu caminho, inclusive espiritual. Sabe do outro, do corpo e da mente, do ambiente e do passado, intui e raciocina. Tem técnicas de vinculação, de não projeção e de apuro sobre o que concerne o encontro com o outro neste espectro de não dualidade. Estamos implicados. Temos algum conhecimento da ciência, da filosofia, da espiritualidade, das artes e de tudo mais que for dessa linguagem que o torna único. Todos os saberes de um terapeuta integrativo sistêmica o leva, por sintonia, a narrativas de disrupção ou narrativas de insurreição, a linguagens de indiferença ou de empatia e uma trajetória de aprimoramento comprometida com uma “outra” ciência: a que sempre existiu e que trouxe tantas perguntas e respostas até nós hoje.

Posfácio 1

Wulf e Baitello Junior nos contam sobre uma certa arqueologia de saberes esquecidos no livro de homônimo subtítulo no qual Sapientia é um campo de conhecimento. No prefácio, Maria da Conceição de Almeida faz trovejar essa sabedoria adormecida e mostra como esta tão desejada “ultrapassa os saberes técnicos e funcionais, mesmo que não abra mão deles” (2018, pg 10). Marcada por uma certa imaterialidade, mesmo uma transcendência, Maria da Conceição mostra como a indissociação entre amor, poesia e sabedoria faz um tipo de conhecimento, inspirada em Morin. Os domínios da filosofia, da arte, da poética, da técnica, da política e da educação – porque não dizer das terapias – são atravessados pela sabedoria. Realidade e imaginação fazem parte desse conhecimento, da sua natureza mesmo. Além disso, uma pulsão arquetípica e as vivências culturais fazem parte dessa sabedoria, compõe esse tipo de conhecer. Também forças abissais do ser, sua mente, seu inconsciente, inclusive coletivo, compõe essa teia. Uma autoconsciência faz parte desse tipo de investigar o que é prático, na vida. Metáforas. Imanência. Criatividade. Recriar a memória, criar o mundo pelas palavras, sentidas inclusive. Fluxo de emoções. Aqui, o lugar é para restituir a alma do mundo, o que Norval Baitello Júnior faz com tamanha complexidade. Incluindo as incertezas, o presente faz parte da reflexão. Uma ousadia natural faz parte da ciência do intangível, do esquecido. É o corpo aquele que carrega a sabedoria, a ativa e rememora sua potência. 

É nesse sentido que uma bibliografia da complexidade é capaz de acolher as angústias de uma ciência antes cartesiana, mas antes desta, milenar e sábia. A história do conhecimento faz algumas espirais e as terapias integrativas merecem dançar com novas leituras, novas inspirações para, então, sua sabedoria mais inata ser àquela que trazemos ao consultório das terapias integrativas sistêmicas. 

Posfácio 2

No dia em que finalizo e editoro este ensaio, enlutamos a partida de Nêgo Bispo, citado neste texto mais breve do que merecido, a quem rendemos a homenagem com a qual acreditamos que podemos nos renovar em sua sabedoria.

Nirvana Marinho

escrito em agosto e publicado 12 dezembro em 2023

Contribuição texto de Henrique Neves

@nirvana.terapeuta